Escrita por: Kollynew
Betada por: Lihhelsing

PRÓLOGO


Ela olhou para o caixão aberto e aproximou-se, trêmula. Pela primeira vez, pôde encarar a face do garoto que amava: pálida e inerte. As mãos estavam pousadas sobre o peito imóvel. Tocou-lhe a face. Estava tão frio... Afastou-se e olhou uma última vez para o rosto sereno de Harry. Sentiria falta daqueles olhos verdes, cheios de perguntas; das risadas que dava quando tentava esquecer o peso da responsabilidade que tinha; do sorriso simples e até mesmo das crises e revoltas daquele herói que morreu tão jovem.

Aprendeu, desde pequena, que no final o bem sempre vencia o mal...

Então como poderia ser esse o final?

Se esse fosse o fim da história, o conto do "bem versus o mal" não passava de uma mentira inventada para acalmar crianças inocentes, indefesas. Respirou fundo tentando conter as lágrimas, procurando pelo rosto dele até não existir nenhuma fresta pela qual pudesse olhar dentro daquele caixão.

Os gritos de agonia de Harry a acompanhariam durante toda a sua vida e o fantasma de sua memória estaria presente em cada gesto e pensamento dela.

Desviou o olhar.

Eram tantos tons de cinza e preto que o vermelho do guarda chuva de uma criança do outro lado do cemitério lhe chamou a atenção. Olhou para o menino e achou sua face familiar, mas não recordou de onde...

"O bem vence o mal", ela leu nos lábios dele e, sem perceber, deu um passo para frente.

E depois outro.

O garoto deu as costas e ela não conseguiu resistir à curiosidade. Algo nele a chamava, como se todas as respostas estivessem ali, do outro lado da colina. Mas ao chegar lá, o menino havia desaparecido e sentiu um estranho vazio, como se parte dela tivesse desaparecido também...

"Como foi o seu dia?", uma voz baixa questionou. Ginny se virou, encolhendo os ombros.

Não conseguiu responder.

"Péssimo, não foi?", ele questionou. "Mas não foi apenas esse dia... Você sente como se toda a sua vida estivesse errada, não é mesmo?"

Ela fez que sim.

"No meio da dificuldade reside a oportunidade", disse ele, dando um meio sorriso. E completou: "Albert Einstein".

Ginny o encarou, sem entender, mas correspondeu ao sorriso, tristemente.

"Se tivesse a oportunidade de consertar tudo, Ginny, o que você faria? Se pudesse restaurar a ordem do seu mundo e assim fazer feliz a quem você ama, aceitaria o que eu tenho para você?"

"Sim, eu aceitaria".

"Tudo o que eu preciso é comprometimento".

"E como faria isso?"

"Tenho meus métodos. Posso contar com você? Quer consertar a sua vida ou não?"

"Sim, eu quero!"

"Então, faça as escolhas certas..."

A imagem do menino começou a ficar desfocada e Ginny sentiu que iria desmaiar, mas não caiu. Piscou os olhos e tentou se apoiar em alguma coisa, encontrando uma parede. Naquele único segundo de confusão mental, frio e mal estar, percebeu que não havia colina, apenas um menino de onze anos perguntando se ela estava bem...

Estava em Hogwarts. E tinha novamente onze anos de idade.


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