Fingir
v.t. Simular para enganar; fantasiar, inventar;
O céu está nublado, o que não é uma grande surpresa em Londres.
Ela está saindo da aula quando ele liga. Ao ouvir sua voz, percebe que algo está errado. Pergunta-se, quando desliga, se alguma vez esteve, de certa forma, certo. E percebe que não, mas não se importa, afinal isso nunca os havia abalado.
Não até agora.
Troca de roupa e sai. Corre apressada, não quer se atrasar, ele parecia estar sem paciência ao telefone, e ela não queria aborrecê-lo ainda mais. No entanto, quando chega no lugar marcado, vê que ele não está lá, então, senta-se em um banco e posta-se a esperar.
Cinco, dez, vinte minutos passam e transformam-se em uma, duas horas e ela fica intrigada cada vez mais, ele sempre é pontual. Sempre.
O que há de errado desta vez?
Quando está prestes a desistir, levantar-se e ir embora, ele chega. Olha-a e não sorri, não se aproxima, não faz nada. Apenas olha-a e profere apenas uma palavra, que significou mais do que se ele tivesse lhe dito um texto inteiro.
- Acabou. – diz. – Eu estou cansado de fingir algo que não sinto.
Previsível, porém igualmente doloroso.
Ela fecha os olhos. Apesar de sempre ter sabido que ele não a amava dói ouvi-lo confirmar. Dói pensar que o está perdendo, porque, apesar de tudo, ele era alguém em que ela podia contar. Sem ele, estava sozinha. De novo.
- Por quê? – pergunta, abrindo os olhos novamente.
- Eu cansei de fingir, Hermione. – Draco responde. – E você sabe que é isso que estamos fazendo. Fingindo. Fingimos nos importar, fingimos sorrisos, fingimos sentimentos...
Hermione fica em silêncio e, por um tempo, apenas ouve-se a respiração de ambos.
- Pensei que eu era capaz de te ajudar a achar o amor que você queria encontrar.
- Mas você não foi. – Draco contradiz, passando a mão pelos cabelos. – Nunca foi, na verdade, e você esteve se enganando se algum dia acreditou nisso.
Os olhos dela marejam e Hermione olha para baixo.
O silêncio machuca aqueles que sofrem e não querem ouvir os próprios lamentos. E era assim que deveria ser, mas não é.
Draco não se incomoda com o silêncio, apenas aproxima-se dela e, em último ato de carinho, beija-a na testa.
- Queria ter um final feliz com você.
- Você sempre soube que isso era impossível.
Ele se vira e começa a andar, afastando-se.
- Por que tínhamos que perder o nosso tempo fingindo? – ela fala, mas ele não responde e continua a se afastar, indo embora.
Ela o ama, Draco sabe disso, mas ele não sente o mesmo.
Eles sempre estiveram fingindo e nunca se importaram. Ele fingia amá-la e ela fingia acreditar. E ali encontrava-se o grande erro. Sempre mantiveram os segredos seguros e os sentimentos igualmente trancados.
Estavam machucados. Haviam confiado da primeira vez, com outras pessoas, e haviam se decepcionado. Tinham medo de sofrer novamente e acharam que fingir seria a melhor maneira de evitar isso. Mas estavam errados. E agora sabiam disso.
Mas era tarde demais.
E agora estava acabado. Era apenas uma lembrança.
Will we always be pretending?
Dedico essa fic para Ness Black Felton Malfoy e para a Lola Potter Weasley, eu amo muito, muito, muito, muito vocês.
A frase do final foi retirada da música 'Pretending', de Glee.
Lys xx
