Susan Pevensie aparentava duvidar da irmã mais nova. Ela sabia que tudo o que Lucy havia visto era impossível, e que não deveria ser real. Mas, escondido nas entrelinhas de seus mais profundos pensamentos, ela gostaria que a história que sua irmã havia contado fosse real.

Ela desejava que o Guarda-Roupa fosse realmente mágico, e que lá realmente houvesse um fauno e um bosque no qual nevava. A irmã mais velha queria uma escapatória. Um lugar longe da guerra, das bombas, dos tiros. Susan queria um refúgio.

E apesar de ter encontrado uma Nárnia em guerra, ela fora feliz.

Aquelas batalhas em Nárnia foram as únicas batalhas que venceu.

Susan foi derrotada em sua batalha contra a Falta de Imaginação. Ela havia esquecido todos os seus gloriosos dias em Nárnia, esquecido do povo que havia governado, esquecido da infância.

Foi derrotada pela Futilidade, uma vez que passou a se importar com roupas, maquiagens, e sapatos.

Foi derrotada pela falta de fé.

E porque perdera a imaginação, nem ao menos se arrependia ou se entristecia por ter esquecido.

Mas, no fim das contas, Susan Pevensie continuava sendo a mesma garotinha assustada que fora quando tinha 12 anos.

Ela escolhera crescer e esquecer porque tinha medo de que tudo o que havia vivenciado não fosse real. Porque tinha medo de que o único refúgio que possuíra fosse apenas um sonho.

Susan temia a mentira e, por essa mesma razão, mentira para si mesma.