N.A.: Pessoas deliciosas da minha vida, cá está o fim de mais uma fic minha! Nossa, Dark Star me deu trabalho, mas vou contar que adorei demais escrevê-la, que esse trabalho todo me deixou feliz demais!

Obrigada: gabs, Raf13, Teh, Kah, Tonks, e Ywoolly pelos comentários no último capítulo. Vocês me incentivaram demais!

Obrigada todo mundo que comentou durante a fic e que a colocou no alert/fav. Adoro demais vocês!

Boa Leitura!

Nenhuma das personagens me pertence, apenas o plot. Agradeço JK, por ser linda e escrever incrivelmente, nos dando esse mundo lindo demais!


Capítulo 9

Hermione despertou sorrindo, como se soubesse exatamente quem estava ali. E ao abrir os olhos deparou-se com Remus olhando-a, os olhos âmbares colados em si; mas eram olhos sérios. Viu que ele ainda estava abraçando-a, mas de algum modo ele parecia distante. Suspirou e abriu a boca, mas os olhos dele foram para trás de sua cabeça, como mostrando algo. Virou a cabeça, girando brevemente o corpo para o lado, seu corpo querendo se espreguiçar.

Por um segundo sua mente não registrou muito bem quem era, parecia um sonho. Um sonho bem irreal, bem impossível. Mas ele estava ali. Sirius estava sentado na poltrona de sua sala, os olhos observando ela e Remus deitados dormindo juntos no sofá. Ele tinha os cabelos soltos caindo pelos ombros, a camisa aberta nos três primeiros botões mostravam pontas das tatuagens no peito. O rosto estava sério, como se estivesse próximo de dizer algo extremamente desagradável. Mas nada, ele não disse nada.

Hermione e Remus começaram a se mover, cada um com uma linha de pensamento. Remus sabia exatamente o que aquilo significava para Hermione, sabia que Sirius estar com aquela atitude significava muito. E Hermione ainda estava tentando entender o que passava dentro dela mesma. Ainda tentava justificar cada ação, cada pequeno resquício de saudade que Sirius deixara dentro de si e que Remus acariciara de leve.

"Vou embora. Vocês precisam conversar." Remus disse beijando o topo da cabeça de Hermione, olhando-a sorrindo. Sabia que ela precisava do máximo de força e coragem naquele momento. Era como se soubesse que enfrentar Sirius e todos os sentimentos possíveis com ele, não fosse uma tarefa fácil. E Remus sabia daquilo. Remus já estivera naquele mesmo lugar.

Hermione viu Remus sair pela porta da frente, deixando-a sozinha com Sirius. Era o silêncio que mais a estava incomodando. Aquela silêncio que dizia tanto, os olhos dele que sussurravam tantas coisas. Ele não havia se movido de onde estava, e agora parecia ainda mais desconfortável do que antes. Hermione moveu-se, mudando o peso de uma perna para a outra, tentando não pensar nas coisas que precisava falar e que iria ouvir.

"Acredite ou não, achei que encontraria-a na cama com ele."

O riso amargo desceu por sua garganta quando ela apenas ergueu as sobrancelhas, os braços apertando-se mais e mais no corpo, uma resposta nervosa ao que ele havia dito. Sirius não ligou. Precisava dizer tudo que queria dizer.

"Esse sofá... acreditei ser nosso." Sua voz risonha não estava enganando-a, e muito menos lhe enganando. Levantou-se, as mãos correndo os longos cabelos. "Ele é a sua escolha?"

"Escolha?" Hermione estava confusa. Sirius não estava fazendo o menor sentido, e tudo aquilo era muito cedo. Tudo estava correndo muito rápido. "Escolha de que, Sirius?"

"Essa!"

Sirius odiava que ficassem a divagar sobre as coisas. Queria as coisas certas, feitas. Poderiam falar, se entender depois. Se ela fosse fazer alguma escolha, seria agora. Aproximou-se rápido, beijou-a com força, batendo sua boca contra a dela, exigindo passagem com sua língua para dentro da boca dela. E era aquele turbilhão de sentimentos, aquela leve respiração que vem, mas que é rapidamente substituída por algo forte, rápido, doloroso. E Sirius sentia-se assim quando pensava nela, no corpo, na mente, nos olhos, na solidão. Era tão iguais e tão diferentes.

Puxou-a contra seu corpo, o dela aceitando-o, como se fosse a escolha. Sirius sorriu enquanto descia a boca pelo pescoço dela, os dedos livrando-a da roupa, as mãos dela livrando-o das peças também. Era como se nada precisasse ser dito, nada além das palavras que ele estava prestes a dizer:

"Nunca mais me deixe sair por aquela porta."

Hermione sentiu a força daquelas palavras que quase a derrubaram no chão. Agarrou-se ao corpo dele, o medo de não aguentar aquelas palavras era forte demais. O medo de não conseguir dizer nada travando sua garganta, dificultando o ar de passar. Sentiu uma leve tontura ao sentir o corpo girar com ele, caindo no sofá, e então a pressão da pele quente dele contra a sua pareceu liberar todos os poros, todas as palavras, todos os sentimentos presos, todos os anos de solidão.

"Não vai sair."

Sirius não mais precisava de incentivo. Aquela era a escolha dela, aquela era sua escolha. Precisava apenas compreender que ela era sua, que nunca mais precisaria sentir aquela solidão, nunca mais precisaria ser aquele que era sozinho, ao redor de milhões de pessoas. Ela estaria com ele. Beijou-a. Correu todo seu corpo com suas mãos e sua boca, descobrindo os pequenos barulhos que ela fazia. Descobrindo como ela sabia tocá-lo, movê-lo, tê-lo a sua mercê também.

E ao se enterrar no corpo dela, tudo pareceu deixar de fazer sentido, porque tudo ali parecia deixar de existir. Tudo ali parecia a mera sombra do que fora. E ela chamando seu nome, baixo, fraca e sussurradamente, pareceu levá-lo ao céu e trazê-lo de volta. Estremeceu. Movendo-se devagar, rápido, sentando-se, mudando de posição, puxando-a para si, afastando-a levemente, apenas milímetros. Precisava dela, estava afogando-se tão rápido, tão forte que parecia que se a soltasse, morreria. Beijou-a, sorrindo enquanto vi-a estremecer e amolecer em seus braços, sentada em seu colo.

Deitou-a novamente, vendo-a passar as mãos por seus cabelos colados ao rosto pelo suor. Sorriu quando moveu-se e ela gemeu alto, as pernas tentando fechar-se ao redor de sua cintura. E moveu-se novamente, e muitas vezes mais, apenas para sentir seu corpo esquentar mais e mais, entrando em combustão. Se há minutos afogava-se, agora morria queimado. Precisava parar, precisava parar de sentir ou morreria. Eram sentimentos demais, era uma força descomunal ao qual ele nunca tivera o prazer de sentir, e agora viciara-se, e era culpa dela.

Beijou-a novamente enquanto derramava-se dentro dela, uma última estocada forte, seca, dolorosa para ambos. Desabou por cima dela, seus olhos encontrando os dela, algo enchendo-os. Ela parecia ver o mesmo em suas íris. Como se fosse um segredo entre eles. Aquilo seria visto pelos outros? Aquilo que eles sentiam, era normal, todos sentiam?

"Preciso... trancar a porta?"

Hermione viu-o pensar seriamente no assunto, como que debatendo internamente. Seu coração acelerou, o medo inundou suas veias. Viu-o abaixar o rosto na direção do seu, suas testas colando-se, suor de ambos, gelado.

"Sim. Eles podem querer entrar saber porque você está gritando tanto."

Ela riu. Não conseguiu não rir. E beijou Sirius. Aquilo era uma escolha de ambos. Aquilo era um fim de algo. O começo de algo. Mas era a escolha. E talvez a solidão quisesse alguém do lado. Talvez a solidão estivesse a procura de companhia.


O que mais odiava em toda sua vida, tirando as coisas sérias, eram atrasos. Aqueles pequenos atrasos que as pessoas simplesmente achavam insignificantes, para ele eram o absurdo. Mas sobre quem estava falando, um atraso apenas seria uma entrada triunfal. Odiava o fato de que Sirius achava elegante atrasar-se. Como se o mundo fosse obrigado a esperá-lo, e quando ele finalmente chegasse, fosse obrigado a ficar feliz.

Já estava há trinta minutos esperando-o, tomara dois cafés no processo quando o avistou vindo pela calçada, sem importar-se com nada. Fumando, os longos cabelos chicoteando ao vento. Remus sorriu. Ele ainda parecia aquele adolescente despreocupado de antes, mas Remus via nitidamente as marcas das expressões da idade cravadas no rosto dele também. Talvez fosse isso que amava tanto em Sirius, a idade levava o corpo, mas nunca a alma.

"Trinta minutos."

Sirius riu e sentou-se a frente de Remus. O amigo havia escolhido um café com mesas para o lado de fora. O vento não ajudava a deixar seus cabelos parados, mas conseguiu deixá-los quietos nas costas, prendendo-os. Tragou seu cigarro e riu novamente do rosto sério de Remus.

"Apenas trinta minutos, pare de ser uma velha reclamona."

"Onde estava?"

Sirius pareceu ponderar. Era como se Remus estivesse perguntando propositalmente onde estava para deixá-lo decidir se mentiria ou contaria a verdade.

"Com Hermione."

A revelação não trouxesse nenhuma expressão ao rosto de Remus, mas ele lhe perguntou outra coisa.

"Desde aquele dia?" Viu-o assentir. Para Remus era uma surpresa, mas gostara daquilo. "Acredito que ela esteja viva?!"

Sirius riu engasgando com a última tragada que dera no cigarro e jogando-o fora. Apenas Remus para dizer coisas daquele estilo para ele. Tomou um gole do café dele e sorriu, acalmando seu pulmão.

"Pois bem, ela está viva. Preparando terreno." Viu Remus olhá-lo curioso com aqueles olhos âmbar que Sirius amava. "Há uma semana não saímos da casa dela, ela apenas foi trabalhar porque não consegui segurá-la. E Harry e Ron notaram quando ela não respondeu duas corujas."

"Você vai contar para seu sobrinho que está dormindo com a melhor amiga dele?"

Remus ouviu a incredulidade em sua voz. Sirius riu novamente, soltando os cabelos, correndo os dedos por entre eles.

"Não seja idiota, Remus. Vou contar que vamos morar juntos."

A ideia atingiu Remus como um soco. Sirius atravessara todas as barreiras que tivera com todos os outros seres humanos em toda sua vida, com aquela garota. Ela era tão mais jovem, tão mais solitária, que talvez fosse exatamente o que Sirius precisava. Sorriu. Bebeu mais um pouco do café de sua xícara.

"Remus." Não percebeu que havia desviado seus olhos para rua, pensativo, até Sirius chamar sua atenção. "Quem você ama?"

A resposta nunca veio. Sirius apenas esperou-a, e talvez já soubesse que sempre esperaria. Sempre esperaria pelos sentimentos de Remus. Sempre esperaria por ele. E sabia também, que ao mesmo tempo, ele sempre esperaria por ela. E ela por Sirius. E eles nunca encontrariam-se os três na mesma vida. Suspirou vendo o castanho correr os dedos pelos próprios cabelos, lançando-os para trás, o sorriso sério de sempre. Era por isso que amava Remus. Ele sempre estaria sério, mesmo quando alegre, mesmo quando feliz.

Recostou-se novamente na cadeira do café, sua mão levantando-se para pedir um café para si e outro para Remus. Ali começava e terminava um ciclo de solidão. Ali findava-se uma escuridão e iniciava-se outra, essa apenas não era sozinha.

Fim.