Nome: Feu (Fogo)

Ship: Ângela e Personagem Original (Arsene)

Rate: M

Tipo: Romance


Nota da Autora: Cá estou eu, começando mais uma loucura. Para quem não sabe, Arsene é um personagem criado por mim, e que fez uma pequena participação em The Tracker. No princípio, ele apareceria apenas em dois capítulos. Mas eu me apaixonei tanto pelo personagem que resolvi trabalhá-lo mais e escrever uma long-fic com ele. E adivinhem! Vocês, minhas queridas leitoras, que escolheram o par! Espero que gostem! Aproveitem!

Curiosidade: Quando escrevo com Arsene, penso em Danila Polyakov, modelo russo. É ele que enfeita a capinha da fanfic.

Atenção: Essa fanfic contém spoilers da fanfic The Tracker!


Prólogo

O lugar era quieto, um pouco ermo, mas suficientemente seguro para acampar. A coberta que estava jogada sobre o seu corpo era verde, mas estava em um tom azul escuro, consequência da claridade da lua batendo na lona azul da barraca. Thomas mexia inutilmente no celular, procurando algo que nem ele parecia ter certeza do que era. Ângela observava Regina esfregar as mãos em um sinal claro de que sentia frio. A garota estava com uma touca de lã vermelha, os cabelos loiros e ondulados saindo dali, jogados sobre o suéter claro de veludo. Era bonita, mais bonita do que Ângela, mas ela não se incomodava muito com isso.

Resolvera acampar dois dias atrás porque estava há dias dentro de casa e Regina insistira tanto que seu acervo de desculpas havia se esgotado. Estavam de férias, e na concepção de Regina, era praticamente inimaginável recusar um convite feito por dois garotos lindos, sendo um o interesse visível dela. Ângela revirou os olhos ao pensamento. Não que detestasse a companhia deles, mas sabia que estava ali apenas para fazer par com o outro, dando espaço e liberdade para que Regina embarcasse em uma viagem sem volta, investindo incansavelmente em Thiago, o garoto loiro de olhos azuis que havia acabado de sair da barraca para fumar um cigarro.

Ângela não tinha muita liberdade com aquelas pessoas, mesmo que conhecesse Regina há um bom tempo. Seu primeiro contato com os garotos foi no dia em que eles a buscaram no seu apartamento com um Jeep enorme, ficando um pouco surpresos com a facilidade com que ela subiu no veículo e no seu fôlego ao subir a montanha logo quando começaram a escalar.

Porém, seus verdadeiros amigos estavam viajando devido às férias, e só voltariam na semana seguinte. Sentia falta deles, e se sentiria muito mais à vontade se estivesse caminhando e acampando com George, Samira e Rick, o namorado dela. Mas não estava, então procurou relaxar ali dentro, sabendo que dentro de um dia estaria de volta ao seu apartamento.

Deitou-se no colchonete, puxando a coberta pesada de encontro ao rosto a fim de esquentar a ponta do nariz. Ali estava frio, mais frio do que na noite anterior. As árvores balançavam com o vento que descia da montanha mais alta, cortando as folhas e movendo a lona da barraca de uma forma estranha.

Ouvia o assovio do vento, comparando-o mentalmente com um barulho de um filme de terror que ela havia assistido na semana passada, quando ouviu algo totalmente diferente, destoante.

Mesmo que Ângela estivesse acostumada a acampar e passar noites ouvindo barulhos estranhos que vinham da floresta, aquele em particular fez com que seu corpo se arrepiasse, como se estivesse querendo lhe mandar um aviso. Achou aquela reação estranha, e logo seus olhos buscaram os olhos dos que estavam dentro da barraca. A cabeça de Thiago apareceu pelo buraco que ele havia feito ao descer o zíper da barraca.

- Ouviram isso?

Uma fumaça saiu de sua boca, mas Ângela sabia que ele já havia acabado de fumar e aquela fumaça era apenas devido ao frio. Seus olhos azuis estavam um pouco abertos quando ele observou as pessoas dentro da barraca.

- Vou verificar.

Ele sumiu, saindo do campo de visão dos três, mas deixando o zíper da barraca aberto. O vento gelado agora entrava ali, fazendo com que a situação piorasse. Thomas fez um barulho de impaciência. Ângela se levantou e Regina olhou-a com um misto de diversão e deboche.

- Está com medo?

A pergunta foi direcionada a ela. Ela fitou Regina por alguns segundos e depois deu de ombros.

- Barulhos assim são normais durante a noite em florestas fechadas.

Ela estremeceu, reação que não passou despercebida aos olhos da amiga. A loira abriu um sorriso estranho e esfregou as mãos novamente. Dentro da barraca já estava gelado.

- Você parece estar com medo.

- Não estou.

Mas era mentira. O barulho não fora algo normal como ela havia falado. Galhos quebrando, corujas piando e animais pequenos se aproximando para comer os restos de comida que eles sempre deixavam cair na grama, era algo normal. Não aquilo. O barulho que escutara lhe lembrava um chiado...

Vinte minutos se passaram e Thiago ainda não havia voltado.

- Você deve estar brincando comigo.

Thomas disse, um pouco mal humorado, mas Ângela percebeu que ele também não estava vendo com bons olhos a demora do amigo. Pela primeira vez na noite, Regina ficou calada.

- Vou atrás dele.

O garoto se levantou e calçou os tênis, saindo da barraca e dessa vez fechando o zíper. O vento cessou e ali dentro pareceu ficar mais aconchegante em segundos.

- Acha que é um animal?

Regina perguntou e Ângela deu de ombros. Não conhecia aquela região. Acampava mais a leste, mas poderia dizer com quase toda certeza que não havia animais grandes por ali. As marcas nas trilhas deixavam claro que ali era um local de fácil acesso e muito utilizado.

Dez minutos se passaram. Até que um grito chegou aos ouvidos delas.

O sangue de Ângela gelou, os pelos do corpo se arrepiaram imediatamente e seu instinto começou a lhe gritar de que algo estava errado. Regina olhou para ela, assustada demais para dizer algo útil. Ficaram ali por alguns segundos, até que a loira gesticulou com a mão.

- Será que é melhor a gente olhar o que está acontecendo?

Ela perguntou. Parecia torcer para que Ângela pedisse para ela ficar na barraca, mas a morena fez justo o contrário.

- Eu vou. Mas você vai comigo.

Saíram da barraca, o vento frio entrando por cada fresta que a roupa possuía. Invadiu até mesmo as botas, gelando cada pedaço de pele que alcançava. Regina gritou os nomes dos meninos, mas não houve resposta. Ela deu um passo à frente.

- Não há graça nessa brincadeira de mau gosto!

Ela gritou novamente. Ângela percebeu que ela parecia rezar para que aquilo realmente fosse uma brincadeira, e não algo real, mas quando tudo ali na floresta de repente ficou calmo, elas perceberam que algo estava terrivelmente errado.

Nenhum pio, nenhum mínimo barulho, o que era completamente inaceitável para o lugar onde elas estavam. Ali estava quieto demais, como se alguém estivesse controlando isso. Ambas engoliram em seco.

Ângela virou-se, percebendo que Regina havia se afastado demais e já estava quase do outro lado da barraca. Já ia segui-la e ralhar para que ela não se afastasse quando escutou o grito feminino.

Um vulto passou na sua frente de uma forma incomum. Seu coração disparou, e ela teve tempo apenas para olhar a barraca. A lona estava com uma mancha escura de um líquido que ela tinha certeza ser sangue. Suas mãos tremeram, seu cérebro se desligou do corpo, deixando os músculos tomarem as rédeas de suas ações.

Antes que ela percebesse o que estava fazendo, começou a correr. O que fora aquilo? Parecia um animal grande. Ela não queria pensar em Regina no momento, nem mesmo nos garotos, sua sobrevivência estava em cheque e se ela voltasse para tentar ajudar a colega, aquilo poderia lhe custar caro.

Sua respiração já estava pesada, seu corpo já estava cansado. Ela se embrenhava pela mata densa sem nem ao menos saber para onde corria e se o lugar que buscava existia e era seguro de tudo aquilo que parecia persegui-la. Ela escutava vagamente o barulho de galhos se quebrando e folhas se mexendo, como se seu corpo estivesse batendo nas árvores ou alguém muito silencioso estivesse atrás dela, correndo com facilidade e destreza. Que tipo de animal era aquele? Parecia não ter peso nenhum...

De repente sentiu seu pé bater em um pedaço de rocha que saía da terra fofa do chão. Perdeu o equilíbrio, e para a velocidade que estava correndo, isso foi o suficiente para derrubá-la e fazer com que ela batesse o corpo na grama. Os óculos caíram por perto e tudo ali pareceu perder o foco como num passe de mágica.

Foi quando ela escutou a risada.

Humanos? Eram humanos? Não era possível... Thomas e Thiago? Que tipo de brincadeira era aquela?

Ela se virou, semicerrando os olhos. Mesmo que não conseguisse enxergar direito, as silhuetas que viu claramente não eram dos garotos, nem mesmo de Regina. Porque eram quatro no total.

Eles se aproximaram calmamente dela. Eram altos. Os rostos começaram a entrar em foco à medida que eles chegavam mais perto. Três eram homens, e havia uma mulher.

Alguns rosnados chegaram aos ouvidos de Ângela e ela se encolheu, seu corpo estremecendo levemente. Eles possuíam animais?

Agora eles estavam parados bem próximos e ela conseguiu enxergar com clareza os rostos. Um era baixo, tinha cabelos negros e espetados, pele pálida e olhos escuros. Olhava para ela com um misto de diversão e fome, e aquele olhar deixou-a ainda mais inquieta. Preferia estar sendo observada por um animal do que por uma pessoa igual a ele. Uma capa preta estava jogada por cima do corpo dele, tampando totalmente sua roupa.

O outro era o mais alto de todos ali. Magro e esbelto. Vestia uma roupa social de cor negra. Mas o que chamava mais atenção nele, não eram sua altura incomum ou o modo indiferente como ele a fitava, como se Ângela fizesse parte do chão. O que chamava a atenção nele eram os cabelos. Vermelhos claros, em um tom alaranjado que parecia berrar até mesmo na escuridão da floresta. Eram longos, batiam na altura dos cotovelos. E lisos. Os fios laranja se mexiam levemente por causa do vento fraco, e contrastavam com toda a roupa que ele usava.

Havia um que possuía uma estatura mediana, era claramente o mais forte de todos ali e a fitava com atenção. Ângela conseguiu observar pela primeira vez a cor real dos olhos daquele homem. Vermelhos. Cor de sangue. Seu maxilar estava fortemente travado. Vestia uma roupa social negra muito parecida com a do ruivo, porém, um colar prateado brilhava em seu peito com um símbolo que ela não conseguiu distinguir. Ele estava ao lado da mulher, como se fosse um segurança particular.

Ela direcionou sua atenção para a única mulher do grupo. Não era alta igual ela julgou, possuía uma estatura mediana. Apenas estava usando salto alto. Ângela diria que a mulher tinha a mesma altura dela. Usava uma calça de couro colada ao corpo, botas e uma blusa de mangas longas e gola alta. O mesmo colar que o homem forte usava brilhava no colo dela. Mas o que chamou a atenção dela foi o modo como a mulher a fitava. Como se a conhecesse. Um misto de pavor e surpresa circulava as orbes também de cor carmim, uma cor tão peculiar.

Foi quando Ângela percebeu que o rosto daquela mulher era familiar demais a ela. Os cabelos estavam claramente maiores, a pele mais pálida do que costumava ser e os lábios mais torneados. Estava mais bonita, mais segura e mais ameaçadora.

Forçou-se a abrir a boca e chamar o nome que parecia temer chamar. Porque no momento em que o fizesse, aquilo seria real.

- Be-Bella?

A mulher continuou fitando-a por alguns segundos de forma séria, mas seus lábios se curvaram minimante para cima, no que parecia um sorriso malicioso e ao mesmo tempo carinhoso.

- Ângela.


Nota da Autora: Escrever uma long-fic com uma personagem esquecida (Ângela) e um personagem original (Arsene) é um grande passo e, como qualquer grande passo, o escritor fica um pouco inseguro. Por favor, se leu até aqui, deixe review me dizendo o que achou! Opiniões são sempre bem vindas!